1 Eu te exaltarei, SENHOR, pois tu me reergueste e não deixaste que os meus inimigos se divertissem à minha custa. 2 SENHOR meu Deus, a ti clamei por socorro, e tu me curaste. 3 SENHOR, tiraste-me da sepultura; prestes a descer à cova, devolveste-me à vida. 4Cantem louvores ao SENHOR, vocês, os seus fiéis; louvem o seu santo nome. 5 Pois a sua ira só dura um instante, mas o seu favor dura a vida toda; o choro pode persistir uma noite, mas de manhã irrompe a alegria.

6 Quando me senti seguro, disse: Jamais serei abalado! 7 SENHOR, com o teu favor, deste-me firmeza e estabilidade; mas, quando escondeste a tua face, fiquei aterrorizado. 8 A ti, SENHOR, clamei, ao Senhor pedi misericórdia: 9 Se eu morrer, se eu descer à cova, que vantagem haverá? Acaso o pó te louvará? Proclamará a tua fidelidade? 10 Ouve, SENHOR, e tem misericórdia de mim; SENHOR, sê tu o meu auxílio. 11 Mudaste o meu pranto em dança, a minha veste de lamento em veste de alegria, 12 para que o meu coração cante louvores a ti e não se cale. SENHOR, meu Deus, eu te darei graças para sempre.

Desenganada é a pessoa livre do engano. Estranho que usemos tal adjetivo para nos referirmos aos que, mediante diagnóstico irreversível, estão informados de sua morte iminente. Sobre o quê estavam enganados? Acreditavam que viveriam para sempre? Talvez, acreditassem que viveriam um pouco mais…

Nosso salmista, ao que tudo indica, esteve desenganado (tiraste-me da sepultura; prestes a descer à cova). Sua enfermidade era tão grave que seus inimigos já davam como certa sua morte vergonhosa (não deixaste que os meus inimigos se divertissem à minha custa). Mas Deus teve misericórdia de seu estado deplorável e restituiu-lhe o vigor (a ti clamei por socorro, e tu me curaste… devolveste-me à vida). Por isso, o salmo 29 é também um testemunho.

Contudo, como nada acontece por acaso (assim cremos), a doença do salmista ensinou-lhe lições importantes, razão pela qual podemos afirmar que, se foi por ela desenganado de sua expectativa de longevidade, foi também, por sua cura miraculosa, desenganado de sua arrogância quanto à possibilidade de viver longe de Deus (quando me senti seguro, disse: jamais serei abalado!). Desenganado, duas vezes!

O salmista aprendeu, em primeiro lugar, que de Deus depende nossa vida (ouve, Senhor, e tem misericórdia de mim; Senhor, sê tu o meu auxílio). Não há outra razão para nos sentirmos seguros senão a graça de um Deus que cuida dos Seus (Senhor, com o teu favor, deste-me firmeza e estabilidade). Qualquer falsa segurança será fatal (mas, quando escondeste a tua face, fiquei aterrorizado). Somente em Deus somos verdadeiramente fortes.

O salmista aprendeu, em segundo lugar, que Deus pode mudar qualquer circunstância, por pior que seja (Tu me reergueste). Descobriu que não há tristeza que não passe ou lágrima que não cesse (o choro pode persistir uma noite, mas de manhã irrompe a alegria). Experimentou em seu próprio interior a bondade de um Deus para quem não há impossíveis (mudaste o meu pranto em dança, a minha veste de lamento em veste de alegria). É o Deus cuja misericórdia triunfa sobre o juízo (sua ira só dura um instante, mas o seu favor dura a vida toda).

O salmista aprendeu, enfim, que o único sentido da vida é poder adorar a Deus (para que o meu coração cante louvores a ti e não se cale). Percebeu que a morte só é um prejuízo quando a vida é cheia de celebração e louvor; caso contrário, já se instalou, sem ser percebida (se eu descer à cova, que vantagem haverá? Acaso o pó te louvará? Proclamará a tua fidelidade?). Por isso, conclamou a todos para que aproveitem suas vidas exaltando o Senhor (cantem louvores ao SENHOR, vocês, os seus fiéis; louvem o seu santo nome), fazendo também seu próprio compromisso (eu te darei graças para sempre).

O desengano é uma bênção. Além de livrar-nos do engano, ajuda-nos a viver conforme a maravilhosa vontade de Deus, adorando-o e louvando-o por sua infinita bondade. Jesus Cristo é o caminho para o total desengano, não apenas porque levou sobre si nossas enfermidades, mas também porque nos mostrou como deve ser uma vida de total dependência de Deus e adoração. Nele não há trevas, mas brilha a luz da vida. E na luz não ficamos enganados.

Textos para Leitura de Apoio:

Jó 42:1-6 e 1 Coríntios 1:18-31

Minha Oração:

Senhor, não quero viver enganado. Ainda mais, por mim mesmo. Não quero esquecer, jamais, que minha vida depende totalmente do Senhor, mesmo quando sinto que estou desamparado ou em prejuízo. Não quero esquecer que Tu podes mudar qualquer circunstância, mesmo aquelas que parecem impossíveis. Não quero esquecer que o propósito da minha existência é a Tua glória. Faz-me adorador. Em nome de Jesus, que me afasta do engano por ser o Caminho, a Verdade e a Vida, amém.